Bitcoin subiu 60% em 2021, mas o mercado ganhou mais

O valor da bitcoin disparou 60% em 2021, ano em que vários nomes de peso entraram porta adentro no mercado das criptomoedas. O que reserva 2022?

Categoria: Estatística

Num ano em que os pequenos investidores apostaram em força nos mercados financeiros, as criptomoedas voltaram a ser o centro das atenções. A expectativa de ganhos avultados em curtos períodos de tempo atraiu muita gente e levou a bitcoin, a mais popular, a valorizar cerca de 60%.

O preço da moeda virtual subiu de 28.994,01 dólares no início do ano para 46.306,45 em 31 de dezembro. Mas apesar de ser um ganho invejável, 2021 não foi sequer um dos três melhores anos da história da bitcoin em termos percentuais. Em 2020, ano da chegada da pandemia, a criptomoeda mais do que quadruplicou o seu valor, depois da subida de 87% registada em 2019, mas a léguas do disparo de 1.318% registado no ano completo de 2017.

Ao nível do preço é outra história, porque 2021 foi de longe o ano em que o valor da bitcoin face ao dólar mais engordou. Comprar uma bitcoin a 31 de dezembro era 17.312,44 dólares mais caro do que um ano antes. Em 9 de novembro, alguém pagou 68.789,63 dólares por uma bitcoin, um máximo de sempre.

Evolução do preço da bitcoin em 2021:

bitcoin

Bitcoin

De nicho ao “mainstream”

Em 2021, vários investidores de peso entraram porta adentro no mercado das criptomoedas. Disso é exemplo o investimento de 1,5 mil milhões de dólares da Tesla em bitcoin, a notícia de que a Amazon está a trabalhar na área e o lançamento do primeiro ETF (fundo transacionável em bolsa) de futuros da bitcoin, há muito esperado no mercado.

Entre as personalidades que admitiram publicamente investir em criptomoedas está Tim Cook, CEO da Apple. El Salvador, um pequeno país da América Central, com pouco mais de seis milhões de habitantes, adotou a bitcoin como moeda oficial, suscitando protestos dos cidadãos.

O valor total do mercado de criptomoedas aproxima-se cada vez mais do valor de mercado de uma grabde empresa como a Apple, a maior cotada do mundo. As 16.238 “criptos” seguidas pela plataforma CoinMarketCap, um agregador de preços, chegaram ao final do ano a valer pouco mais de dois biliões de dólares, quase o triplo de há um ano, enquanto a Apple fechou o ano a valer 2,9 biliões, uma diferença já inferior a 40%.

Em Wall Street, termos como bitcoin, criptomoedas e NFT (non-fungible tokens, um tipo de criptoativo) deixaram de ser vistos com desconfiança. Ter uma fatia do portefólio investido em “cripto” passou a ser quase tão comum como alocar parte dos ativos a ações e outra parte a obrigações. No universo da tecnologia, o tema andou de braço dado com outra tendência, o “metaverso”, uma espécie de universo paralelo online. O Facebook abraçou a ideia e mudou de nome para Meta.

Os entusiastas veem a bitcoin subir até 100 mil dólares e mais além. Os adeptos mais aguerridos veem a moeda sobrepor-se ao dólar e ao euro, algo improvável à luz da informação atualmente disponível. Mas ninguém sabe ao certo o que vai acontecer às criptomoedas em 2022. Poderá ser mais um ano de ganhos avultados, ou um novo “inverno”, como aconteceu em 2018, ano em que o valor da moeda virtual mais popular desvalorizou 72,6%. Para já, a bitcoin entra em 2022 a perder 5,89% no acumulado da última semana.

Falar de criptomoedas não é só falar de especulação. Do mesmo meio têm emanado tecnologias que prometem revolucionar áreas como os registos de propriedade e o mundo da arte. Por exemplo, o Ethereum é hoje uma enorme rede global de computação, servindo de base ao funcionamento de aplicações descentralizadas e de subsegmentos do mundo “cripto”, como o universo DeFi (finanças descentralizadas). O desenvolvimento do ecossistema poderá explicar o porquê de, em 2021, a criptomoeda homónima ter valorizado quase 400%, bastante mais do que a subida da bitcoin.

Neste momento, a única garantia possível é a de que, em 2022, seja qual for a evolução das criptomoedas, o tema continuará a fazer correr tinta nos jornais. E a merecer a atenção atenta dos investidores também. Em Portugal, o ano poderá ficar marcado pela discussão no Parlamento do alargamento do IRS às mais-valias da venda de criptomoedas. Os reguladores continuam a avisar que investir em criptomoedas acarreta riscos financeiros.

Fonte: Eco